A verdade é que a resposta a esta questão é, em simultâneo, simples e profunda. Mas, de uma vez por todas, partilho hoje como foi simples decidir que eu preciso (mesmo!) de fazer uma sabática. Tentarei fazê-lo de forma profunda (ou então não, porque estou em período sabático).
Aos Familiares e Amigos. Aos (ex)Colegas e Conhecidos.
Mas sobretudo à minha Mãe e à minha Avó, porque é a elas que devo todo o meu percurso académico e profissional.
Acredito que muitos se possam identificar com a minha situação. Como sabem licenciei-me em Arquitetura, mas trabalho em Marketing e Comunicação há mais de 17 anos. É sensacional. Amo a minha profissão e, cada vez mais, estou convicta de que todo o universo da Comunicação Estratégica e de Marketing é absolutamente desafiante.
Da comunicação interpessoal à comunicação de massas, o ato de comunicar responde à nossa necessidade vital, como seres humanos: emissores e recetores passam a ter algo em comum – as Mensagens. A comunicação implica um contexto, um emissor, um canal, um conteúdo, um destinatário e, eminentemente, uma relação entre: quem diz e quem ouve; quem fala e quem escuta; quem escreve e quem lê.
Quem me conhece sabe que sou uma pessoa movida a desafios e eles são absolutamente fundamentais para que me mantenha motivada, empenhada, produtiva e, acima de tudo: feliz!
O meu trabalho tem-me permitido viver numa enorme zona de conforto. Nos últimos anos tornou-se até robótico. A essência, a arte, e a ‘Arquitetura da Comunicação’ residem num talento inato, que se tem ou não, para o ato natural de a saber gerir e de a saber praticar.
Quando parei para analisar o que tenho andado a fazer nos últimos anos, não foi animador perceber que, basicamente, a minha vida se tem resumido a trabalho, extra-miles para o trabalho, mais trabalho e mais do mesmo, seja qual for a organização, setor, empresa ou indústria. Comunicar é transversal. E eu gosto disto, pah! Gosto mesmo. Mas, constatar que estava a perder o período mais bonito do crescimento das minhas filhas – uma que acaba de entrar na adolescência, e a outra que chega agora à ‘idade dos porquês’ – foi perturbante e, ao mesmo tempo, muito libertador!
Foi quando os astros se alinharam a meu favor e o universo me enviou uma mensagem [este é aquele parágrafo esotérico que eu poderia agora aprofundar mas, por um lado, se eu tentar explicar de forma científica, tornará esta leitura extremamente aborrecida, pois terei de ir munir-me de teorias que se alicerçam em coisas com nomes que fazem logo adormecer, tipo: astronomia quântica, astrofísica e cosmologia. Se eu o fizer de forma aligeirada, vou passar a ideia que sou uma leitora assídua dos Horóscopos da Maya, no Correio da Manhã] e, portanto, posso apenas assumir que tudo se processou de forma, absolutamente, natural.
O psicanalista suíço-alemão Carl Jung (1875-1961), discípulo de Freud, defendia que o “mundo moderno” assenta demasiadamente na ciência e na lógica, e segundo este autor, é muito importante o ser humano assegurar o seu próprio equilíbrio entre intelecto e intuição. Como, para mim, estar viva não é apenas o contrário de estar morta (parafraseando aqui a sábia Lili Caneças), assumo que a minha passagem nesta existência terrestre inclui um conjunto de perceções, emoções, frustrações e sentimentos (a tal ‘intuição’) que alio à minha própria cognição, linguagem, pensamento, comportamento, atitudes e todos os outros atributos da consciência (o tal ‘intelecto’). Posto isto, o meu intelecto e a minha intuição não pertencem necessariamente ao mesmo plano metafísico e psíquico. Mas também não se opõem. Digamos que se complementam e, em certas alturas, alinham-se. Aos meus 40 anos eles resolveram alinhar-se. E alinharam-se também com os astros.
Esmagada por uma rotina diária, profissional e pessoal que deixou de fazer sentido, senti que estava prisioneira de decisões tomadas num quotidiano com o qual já não é possível identificar-me verdadeiramente. A sensação de que todo novo dia era sempre o mesmo dia, e não me conduzia a nada. Perante esta constatação, este período sabático vai permitir-me abandonar os afazeres e responsabilidades para mergulhar numa jornada de mais conhecimento e autoconhecimento, mais aprendizagem, mais cultura, mais descoberta, mais viagens, mais inovação e – quem sabe? – mais (re)invenção!
No último mês já consegui ler mais livros do que nos últimos cinco anos. Consegui mais tempo de qualidade com as minhas filhas, e com o meu marido, do que nos últimos dois anos. E, acima de tudo, estou bem mais feliz e auspiciosa do que nos últimos seis meses. Este blog nasceu há menos de 20 dias e a verdade é que tenho conseguido pensar e escrever de forma mais satisfeita e esplandecente do que em toda a última década!
Para já, estou ‘concentradíssima’ na preparação da minha dissertação final do Mestrado e a preparar a ingressão no Doutoramento já para o próximo ciclo letivo 2019-2020. Ciências da Comunicação. Ou Comunicação Estratégica. Ou Liderança de Pensamento. Ou tudo junto. Na realidade eu não tenho (ainda) nada planeado em termos de tema doutoral para investigar, nem para dizer a ti que me lês. Mas não vale a pena sentires-te especial, porque na verdade eu (ainda) não tenho nada planeado para fazer, nem dizer a ninguém… por hoje, já disse tudo o que sei sobre o quase nada que posso dizer e, dado que, o dia está agora a começar, vou só ali comprar o Correio da Manhã, porque preciso da minha orientação diária: vou ler o horóscopo da Maya… 😉
© Vânia Nascimento Guerreiro | 2019
Referências:
Jung, C. G. (1919). Instinct and the Unconscious. III. British Journal of Psychology, 10(1), 15.
Jung, C. G. (2014). Analytical psychology: Its theory and practice. Routledge.
Olá Vania… cruzei me com o seu perfil por acaso numa ligação comum do linkedin e como acredito que acasos existem poucos… resolvi escrever-lhe.
É curioso como a vida gira e independentemente de percursos direções emoções e contradições a vida coloca nos sempre em determinado trilho e/ou caminho de forma a percepcionarmos que não estamos só.
Essa mudança vem-se dando em mim. Não é de hoje, não é de ontem… 2018 foi sim um ano de catarse e mudança. 2019 um ano de implementação.
Chamo-me Helena, sou formada em Gestão e Eng Industrial e neste momento encontro-me num processo de transformação. Quero mudar o foco.. saí da minha zona de conforto e quero abraçar o sonho.
Deixei lhe um meu site para ver o trabalho que estou a desenvolver numa área artística.. que gosto pouco de designar de cake Design.
Gostava de partilhar mais de mim, consigo.
Tudo de bom..
Helena
Helena,
muito grata pela sua mensagem! fico muito feliz por poder inspirar e ser inspirada… consigo ver o seu comentário, mas falta o link para o seu website! Coloque o mesmo como comentário visivel pois vai certamente auxiliar o seu negócio. Votos de MUITO SUCESSO.
Um beijinho,
Vânia
Criar, ter ideias, resolver problemas e principalmente trabalhar a brincar e brincar a trabalhar é obrigatório para ser feliz e fazer todos os possíveis para quem comunica connosco se sinta feliz. Há 13 anos decidi abrir uma empresa e deixar de trabalhar para outras empresas como empregada mas sim como parceira o que permitiu organizar o meu tempo, ter mais tempo para a familia. 13 anos depois digo valeu tudo por ter dois filhos equilibrados e um casamento feliz. Por isso Vânia os meus parabéns. Se precisar de design ou infografias sabe onde me encontrar. Na praia… 😁 A trabalhar claro. Vilma Carmona
Vilma,
Fico muito contente com a sua mensagem! Provavelmente o universo ainda nos irá juntar num projeto 🙂 Votos de MUITO SUCESSO.
Um beijinho,
Vânia
Olá Vânia, uma decisão simples… para alguns difícil de compreender… mas certamente a melhor. Revejo-me nela. Sucesso! Cumprimentos, Lenine